Jonathan Felipe da Silva, 18 anos, tornou-se exemplo para outros adolescentes autores de ato infracional ao ganhar prêmio de revelação da Feira de Ciências da Secretaria de Educação de São Paulo. O jovem, que passou sete meses na Fundação Casa de Araçatuba (SP), desenvolveu um projeto que utiliza resíduo de giz escolar para equilibrar a acidez do solo. Jonathan foi apreendido por conta de um desmancho de uma moto que havia comprado de forma ilegal. A Polícia abordou o jovem na casa onde morava. Mas, apesar disso, o adolescente enxerga que a sua passagem na fundação lhe trouxe bons frutos.
Com a premiação, Jonathan espera que outros adolescentes infratores possam se espelhar na sua história e poder conquistar novas perspectivas de vida. A superação despertou admiração dos internautas nas mídias sociais e até modificaram a expressão “Bandido bom é bom morto” para “Bandido bom é bandido com alguma oportunidade para ser algo diferente de bandido”.
O estudante contou que a ideia de desenvolver o projeto partiu de uma aula de química, quando a professora explicava o processo de acidez de laranjeiras.
Incentivado pela professora da disciplina, Andrea Chiaroni, ele elaborou um projeto. "Trituramos 500 gramas de giz e passamos a aplicar na terra. Medimos a acidez antes da aplicação, que era de 4. Num primeiro momento, o pH foi para 5 e, no final do processo, ficou em 6,75", disse. A escala que mede a acidez varia de 0 a 14, sendo que, quanto mais baixa, mais ácido. Ao redor de 7, o pH é neutro. "Conseguimos algo bem próximo ao neutro", disse.
Jonathan conta ainda que recebeu, como prêmio, R$ 1 mil, dinheiro dividido com a professora. Os dois também irão, em setembro, ao Rio de Janeiro, onde vão participar da Semana de Tecnologia Digital da empresa Cisco e visitarão o Instituto Butantan e o Catavento Cultural, ambos na capital. "Ainda não tenho muitos detalhes, mas sei que vamos viajar", conta. Segundo a Secretaria da Educação, os vencedores também ganharam cursos de aprimoramento.
Andrea acredita que a premiação mostra aos internos da Fundação Casa que há opção fora do crime mesmo para quem cometeu um erro. "Aluno é aluno, não importa onde ele está. O Jonathan gosta muito de jardinagem, ficou muito interessado no projeto e mostrou que é possível ter metas e buscar um futuro diferente. E isso serve de inspiração", conta ela, que faz questão de agradecer ao apoio que teve da Diretoria de Ensino e da unidade da Fundação Casa de Araçatuba. "Sem eles, não haveria essa possibilidade".
O estudante concorda e acredita que a premiação será boa para o currículo e poderá abrir portas em seu futuro profissional. Ele continua estudando e quer se formar em medicina veterinária em um futuro breve.
"Não tenho dúvida de que esse projeto mudou minha vida. Um simples pedaço de giz pode ajudar meu futuro, já que isso está no meu currículo e vai abrir a porta de uma universidade para mim", conta. "Agradeço muito à minha professora que me incentivou e acreditou em mim", conclui, emocionado.
Fonte: O POVO Online
0 comentários
Postar um comentário