Resistência Urbana e Participação Popular na Amazônia: Estratégias do Fórum Estadual de Reforma Urbana do Pará frente aos Impactos da COP 30 em Belém-PA

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O trabalho evidencia como a realização da COP 30 tem acelerado intervenções urbanas em Belém, produzindo uma cidade pensada mais para o olhar internacional do que para as necessidades reais da população amazônica. Embora as obras sejam apresentadas como sinônimo de modernização, elas reforçam velhos padrões de desigualdade, sobretudo quando excluem moradores das decisões sobre seus territórios. Nesse contexto, o Fórum Estadual de Reforma Urbana do Pará (FERU) surge como uma importante contra-força coletiva, atuando na mediação de conflitos, no fortalecimento da participação popular e na defesa do direito à cidade.

A reflexão central do trabalho reside na ideia de que nenhuma cidade se torna “sustentável” apenas com grandes projetos e discursos oficiais. A sustentabilidade verdadeira passa pelo respeito aos modos de vida locais, pela justiça socioambiental e pelo protagonismo das comunidades impactadas. O estágio desenvolvido junto ao FERU demonstra que a universidade, quando conectada aos movimentos sociais, tem capacidade de ampliar consciência crítica, sistematizar experiências e fortalecer estratégias de resistência frente a processos de urbanização excludente.

Assim, o estudo reafirma que preparar Belém para a COP 30 não deveria significar expulsar, silenciar ou invisibilizar quem sempre sustentou a cidade. Ao contrário: deve significar criar caminhos de participação real, democratização do espaço urbano e defesa coletiva de uma Amazônia que não seja apenas cenário, mas território vivo e político.




Autoria 
Moisés Rita Vasconcelos Junior
Roselene de Souza Portela
Camilly de Nazaré Sampaio Gonçalves
Thayná dos Santos Souza.

Palavras-chave: Participação popular; Direito à cidade; COP 30.

A realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), prevista para 2025 em Belém-PA, insere a cidade em um ritmo acelerado de intervenções urbanas e reestruturação territorial, voltadas à construção de uma nova imagem no cenário internacional. Obras de mobilidade, revitalização de espaços públicos e adequações de infraestrutura são apresentadas pelo poder público como medidas de modernização e sustentabilidade. Contudo, conforme destaca Lefebvre (2001), o direito à cidade ultrapassa melhorias materiais, exigindo a apropriação democrática do espaço urbano e a participação efetiva da população nas decisões sobre seu uso e transformação. Nesse cenário, o Fórum Estadual de Reforma Urbana do Pará (FERU) se destaca como mediador social e articulador político, fortalecendo a participação popular e defendendo a justiça socioambiental. Este relato de experiência deriva do plano de ação do Estágio Supervisionado I e II em Serviço Social, realizado no âmbito do Programa de Reforma Urbana da UFPA (PARU), em consonância com a Política Nacional de Estágio da ABEPSS (2010), que orienta a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão no compromisso com o projeto ético-político da profissão. O objetivo é analisar e sistematizar práticas de gestão social voltadas à mediação de conflitos urbanos e à defesa de comunidades impactadas por intervenções ligadas à preparação para a COP 30.



Como citar:

Vasconcelos Junior, Moisés Rita; Portela, Roselene de Souza; Gonçalves, Camilly de Nazaré Sampaio; Souza, Thayná dos Santos. Resistência Urbana e Participação Popular na Amazônia: Estratégias do Fórum Estadual de Reforma Urbana do Pará frente aos Impactos da COP 30 em Belém-PA. Trabalho apresentado no Seminário Conexão, 2025.


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