Gostaria de compartilhar uma carta que entregaria para uma ex-aluna que diz ter desistido do Serviço Social por faltas de oportunidades e valorização...

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O desemprego e a exclusão no mundo do trabalho não são exclusividades do Serviço Social. Eles fazem parte de um fenômeno mais amplo e histórico, onde o "exército de reserva" de trabalhadores é mantido como uma característica intrínseca do capitalismo. Cursos tradicionalmente considerados elitizados, como Direito, Engenharias e as áreas da Saúde, também enfrentam suas próprias dificuldades quando se trata de inserção profissional. 



Mesmo em áreas que são vistas como promissoras, muitos recém-formados enfrentam barreiras significativas. Exceto para aqueles que têm a vantagem de herdar escritórios, consultórios e convênios já estabelecidos, o caminho pode ser desafiador. É comum ouvir relatos de recém-formados em medicina, por exemplo, que reclamam da falta de oportunidades, especialmente para ingressar em programas de residência ou especialização. 

Essas dificuldades refletem uma estrutura econômica que, ao longo do tempo, privilegia a acumulação de capital e mantém refração do capital de uma parte significativa da força de trabalho em estado de insegurança. Essa realidade exige uma reflexão crítica sobre como o sistema pode ser transformado para assegurar que todos os profissionais tenham a oportunidade de contribuir e prosperar em suas áreas de escolha. 

Entender essas contradições é o primeiro passo para não internalizar a culpa por uma realidade que é sistêmica. É vital reconhecer que a precarização do trabalho e a falta de oportunidades não refletem sua capacidade ou dedicação, mas sim uma estrutura que precisa de transformação. 

Portanto, ampliar seu conhecimento, desenvolver habilidades críticas e entender as dinâmicas do sistema vigente são passos fundamentais. Essa abordagem não só fortalece sua capacidade de se adaptar e inovar, mas também contribui para a construção de um futuro mais equitativo. Mantenha-se esperançosa e comprometida, pois a transformação começa com a compreensão e a ação fundamentada. 
A transformação radical da realidade profissional do Serviço Social demanda uma práxis revolucionária que compreenda a totalidade das relações sociais sob o jugo do capital. É imperativo reconhecer que a desvalorização da categoria não é mero acaso, mas produto histórico-dialético da sociedade burguesa que mercantiliza a formação profissional e precariza as políticas sociais. 

O fortalecimento da categoria deve partir de uma consciência de classe que supere o corporativismo ingênuo. Nossa luta não se limita a conquistas salariais - embora estas sejam importantes - mas visa a superação do modo de produção que transforma a educação em mercadoria e o trabalho social em instrumento de contenção das contradições do capital. 

Os conselhos profissionais precisam assumir posição combativa contra as instituições de ensino que, sob a lógica do lucro, produzem um exército industrial de reserva de assistentes sociais. A fiscalização rigorosa deve ser apenas o primeiro passo de um projeto mais amplo de enfrentamento à mercantilização da formação profissional. 

A verdadeira valorização do Serviço Social só virá através da organização coletiva dos trabalhadores, unindo-se às lutas mais gerais da classe trabalhadora. Precisamos construir uma práxis que articule a defesa da profissão com a superação da ordem burguesa, pois somente em uma sociedade emancipada da exploração capitalista poderemos exercer plenamente nosso papel na construção de relações sociais verdadeiramente humanas. 

A luta é árdua, companheira, mas necessária. Como nos ensina Marx, não basta interpretar o mundo - é preciso transformá-lo. E esta transformação começa pela nossa organização enquanto categoria profissional revolucionária, comprometida com a superação radical das relações sociais que produzem e reproduzem a desigualdade, a exploração e a alienação do trabalho. 
 

“Quem disse que nossa atuação tem limites quando o horizonte é a emancipação humana? A história não terminou, ela pulsa nas contradições que enfrentamos cotidianamente e nas possibilidades que construímos coletivamente".

Moisés Vasconcelos - Trabalhador precarizado que recusa a precarização do sonho e da consciência. 

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